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  • Foto do escritorJoao Guilherme Castro

Ponta Grossa levará quase quatro anos para imunizar população necessária com o atual ritmo de vacina

Com a média de 404 doses aplicadas por dia, população receberá a vacina em junho de 2024


Por Ana Istschuk e João Guilherme Castro




Infográfico: Denise Martins | Infografando


A Prefeitura de Ponta Grossa (PR) aplica em média 404 doses da vacina contra a covid-19 por dia, de acordo com os dados do ‘Vacinômetro’. Considerando este ritmo, a cidade, que precisa vacinar cerca de 248 mil habitantes para chegar na imunidade de rebanho, vai atingir essa marca em 1.171 dias. Contando a partir de 21 de março, a data final será 04 de junho de 2024. Essa projeção considera primeira e segunda dose em 70% da população.


A imunidade de rebanho é um termo utilizado pela área da Infectologia que, por impacto indireto, indivíduos que não foram vacinados estejam protegidos de contrair determinada doença, como a Covid-19, evitando assim um aumento expressivo de contaminações.


Ponta Grossa tem a estimativa de 355.336 habitantes, de acordo com projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para se atingir a ‘imunidade de rebanho’ recomenda-se a imunização de 248.735 ponta-grossenses.


Ponta Grossa iniciou o processo de imunização contra a ‘Covid-19’ em 19 de janeiro. A primeira dose aplicada foi na enfermeira do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG), Terezinha Pelinski. Até o dia 20 de março já se passaram 61 dias e nesse período foram aplicadas 24.652 doses (1° e 2°) em nove grupos prioritários definidos pela Prefeitura Municipal.


Desde o início da vacinação, a cidade ficou 11 dias sem vacinar ninguém, é o que aponta o detalhamento diário do ‘Vacinômetro’. A desinformação sobre a vacina, a falta de conhecimento sobre a campanha municipal de vacinação e outros fatores de logística podem ter interferido na falta de procura pelo imunizante.


O que nos leva a questionar se existe, de fato, uma Campanha Municipal de Imunização. De acordo com o documento nomeado ‘Plano de Ação: Vacinação contra a covid-19’ da Fundação Municipal de Saúde, “todas as informações referentes à campanha de vacinação contra Covid-19 no Município de Ponta Grossa, serão divulgadas através da assessoria de imprensa do governo municipal”. Ou seja, não está prevista nenhuma verba ou ação destinada ao estímulo da vacinação e conscientização da população por parte do poder público municipal.


O total de vacinas aplicadas representa 92,9% das doses recebidas pelo município. Segundo o Sistema de Gerenciamento de Doses Aplicadas contra a Covid-19 NII/SESA, Ponta Grossa recebeu 26.526 doses até o momento (20.253 de 1° dose e 6.273 de 2° dose). Em estoque, a cidade tem 1.874 doses disponíveis. Se o ritmo atual se mantiver, teremos vacinas para mais quatro dias.


No início da vacinação, em janeiro de 2021, a Prefeitura previa vacinar toda a população necessária em oito meses, seguindo o mesmo cronograma da vacinação contra a H1N1 em 2020. Isso significa que a vacinação completa se daria em setembro deste ano. Porém, para completar esta previsão, o ritmo de vacinação deveria aumentar em mais de seis vezes, chegando a 2.675 doses aplicadas em média por dia, a partir de 21 de março de 2021. Considerando o que temos em estoque, não seria possível completar nenhum dia no ritmo necessário.


Estratégias de Vacinação


Já se passaram dois meses desde a chegada das primeiras doses da vacina em Ponta Grossa. E até agora não foi divulgado oficialmente o Plano Municipal de Imunização. Esse documento prevê todas as ações e estratégias que a Prefeitura precisa tomar para completar o processo de imunização.

Através da Lei de Acesso à Informação, o expresso solicitou à Prefeitura de Ponta Grossa o Plano Municipal. Mas, em resposta, nos foi enviado o documento do Governo do Paraná, que contempla os 399 municípios do estado.

Procuramos então em outros espaços como a Prefeitura faz esse cálculo e define as estratégias. Até que encontramos um documento denominado ‘Plano de Ação: Vacinação contra a Covid-19’. Este documento de oito páginas apresenta algumas informações muito superficiais. Como por exemplo a definição dos grupos prioritários.




Sabemos que estes números são apenas projeções da Fundação Municipal de Saúde. Eles não precisam ser exatos, mas ajudam a basear as estratégias. Temos certeza de que alguns números não correspondem com a realidade ao comparar as primeiras doses aplicadas em grupos prioritários que excederam o previsto no Plano: Trabalhadores da saúde e Pessoas com 80 anos ou mais.


Ainda, vale ressaltar que sete dos grupos definidos não possuem uma previsão de quantas pessoas serão contempladas na vacinação. Alguns dados poderiam ter sido extraídos da campanha de imunização contra a H1N1 de 2020, como foi feito com o número de profissionais da saúde. É a mesma projeção para as duas campanhas, segundo os documentos oficiais.


Podemos comparar Ponta Grossa e Cascavel. A cidade do Oeste, que fica a 408 km de Ponta Grossa, possui 332.333 habitantes, de acordo com projeção do IBGE. Isso deixa as duas cidades em parâmetros semelhantes.


Pois bem. Cascavel apresentou, em janeiro de 2021, o ‘Plano Municipal de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19’. O documento contempla 99.051 pessoas dos grupos prioritários. Segundo o Plano, os dados foram extraídos de diversas fontes, como por exemplo, a campanha de imunização contra a H1N1 em 2020. Isso mostra que é possível uma cidade média do Paraná elaborar e definir estratégias e ações para imunizar a sua população.


O expresso perguntou à Gerência de Imunização de Ponta Grossa como as estratégias foram elaboradas. Não obtivemos respostas até o fechamento desta reportagem. Mas pelo levantamento até o momento é possível identificar a falta de transparência e dificuldade de acesso aos dados. O que nos faz perguntar: Por que os dados não são atualizados de forma confiável? Por que não há um Plano Municipal de Imunização? Por que não temos transparência quanto ao estoque e doses recebidas? Quando seremos vacinados?


São perguntas que ainda vamos responder.


Acompanhe o expresso!

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