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  • Foto do escritorJoao Guilherme Castro

Relatos do Parque

Manifestações culturais no Parque Ambiental de Ponta Grossa (PR)

Foto: João Guilherme Castro


Esta série de reportagens chamada 'Relatos do Parque' é o resultado do meu Trabalho de Conclusão de Curso produzido no ano de 2019. O projeto teve orientação do Professor Mestre Manoel Moabis Pereira dos Anjos.


O objetivo da série foi de apresentar ao público as manifestações culturais que acontecem periodicamente no Parque Ambiental de Ponta Grossa e como o Parque pode ser um espaço de produção e execução cultural. 


O Parque foi fundado em dezembro de 1996 e desde então é utilizado das mais variadas formas no cotidiano dos ponta-grossenses.


Deixo aqui a introdução da série com um perfil do Parque Ambiental. A série é composta por quatro reportagens e pode ser conferida clicando aqui.


 

O protagonista da cidade

Ele nasceu no centro da cidade em dezembro do ano de 1996. Tem quase 23 anos, e já é um dos protagonistas do dia a dia de Ponta Grossa. Vive entre um Leão e um Machado, mas mesmo assim nunca teve medo. Recebeu um nome político que já foi governador: Manoel Ribas.

Simpático, recebe visitas do amanhecer até a madrugada. Não tem folga, trabalha todo dia. Pode ser dia de semana, sábado ou domingo. Domingo e feriado então é quando mais trabalha. Conversa com muita gente todo dia. Parece que os outros não lhe dão sossego. Ele estufa o peito e diz com todas as letras: “Eu amo Ponta Grossa”. Funcionário Público do município, usa o bordão do prefeito para expressar seu carinho pela cidade.


Todo ano surge um concorrente muito parecido. Às vezes maior, às vezes menor, às vezes mais bonito, mas ele mantém seu protagonismo.


Ele tem um antecessor, que era funcionário da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima, a RFFSA. Atuava nas manobras dos trens, que foi responsável pelo desenvolvimento da cidade nos anos iniciais. Mas antes de nascer se pensava “será que vai cumprir o mesmo papel que o antigo?”. Não. Mudou completamente. Essa geração mais nova é realmente diferente dos antepassados. Por mais que, ainda carregue algumas características dos anos anteriores, sua função social agora é outra. Divertir a população.


Os entrevistados para esta série o descrevem como um dos mais bonitos da cidade, um dos mais receptivos, que acolhe mais pessoas. Uma das respostas me chamou a atenção. Patrick Lacerda é um dos organizadores das seletivas da Batalha da Estação e convive com ele todo final de semana: “É um dos mais feios que tem. Se olhar no domingo é tudo muito bonito, mas no dia a dia parece uma tarde chuvosa, onde tem muita poça e gente se drogando. Ele te acolhe, mas te limita. A gente se identifica com ele porque o Rap é isso”, disse Patrick.


Dona Ester, uma pipoqueira que trabalha com ele nos finais de semana, o descreveu como um amigo que está disponível sempre. “Se chove ele tá aqui, se faz sol tá aqui. Ele é meu companheiro nos finais de semana quando eu venho vender minha pipoca”, explica Ester.


Os relatos indicam que cada um tem sua experiência com ele. Quase todos os ponta-grossenses o conhecem, mas quase ninguém sabe a sua história. Todos o veem como um belo elemento de decoração, mas ele é muito mais do que isso.


Ele acolhe todo mundo pra qualquer coisa que a pessoa queira fazer. Comer, dormir, brincar, correr, cantar e outras infinitas coisas. É um produtor, um agente cultural. É extremamente rico culturalmente. A cada 15 dias, nas sextas-feiras, ele recebe em sua casa pelo menos duas bandas que animam o público durante algumas horas. Aos finais de semana recebe batalhas de rap, danças de breake. Nos outros dias recebe jogadores de futebol, de basquete, skatistas, famílias que querem ir no parquinho.


Ele gosta de brincar de trenzinho. Possui uma Locomotiva Maria Fumaça, um armazém de cargas e até uma estação de trem. Olha como ele é rico.


É onde todas as tribos se encontram, afinal, ele mora ao lado do terminal. Passa gente ali o dia inteiro. Gente que vem de Uvaranas, da Palmeirinha, de Oficinas, do Los Angeles, da Ronda, de todo lugar. Parece até que ele é a periferia que estacionou no centro da cidade. Vai ver é por isso que acolhe todo mundo.


Ele é tão forte que uma frase dita nas batalhas da estação serve para demonstrar sua força: “enquanto nóis viver a cultura nunca morre!” e é isso que ele representa. Um núcleo de boa parte da cultura ponta-grossense está vinculada a ele. Seja Sexta às Seis, Flicampos, Feira do Livro, Festival de Música, Teatro de Rua, Batalha de rap, Patrimônio cultural, enfim. Enquanto ele viver, a cultura nunca vai morrer. Muita coisa está concentrada ali.


Enfim, apresento-lhes o Parque Ambiental!

 

Acesse a série completa em: culturaplural.atavist.com/relatos-do-parque

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